domingo, 23 de maio de 2010



BENEDETTO XVI

REGINA CÆLI


Domingo 23 maio2010

Queridos irmãos e irmãs Cinqüenta dias depois da Páscoa, nós celebramos a Solenidade de Pentecostes, quando lembramos a manifestação do poder do Espírito Santo, que - como o vento e como fogo - desceu sobre os Apóstolos reunidos no Cenáculo e permitiu-lhes pregar coragem o Evangelho a todas as nações (Atos 2:1-13). O mistério de Pentecostes, que justamente se identificar com esse evento, o batismo "verdade" da Igreja, mas não termina. A Igreja vive constantemente na efusão do Espírito Santo, sem que ela escape ao seu poder, como um barco em que não havia vento. Pentecostes é renovada, especialmente em alguns momentos, tanto a nível local e universal, tanto em pequenas reuniões, grandes reuniões.

Os conselhos, por exemplo, as sessões foram recompensados com especial efusão do Espírito Santo, e entre estes está, certamente, o Concílio Vaticano II. Recordamos também a famosa reunião dos movimentos eclesiais com o Papa João Paulo II na Praça de São Pedro, à direita no dia de Pentecostes de 1998. Mas a Igreja sabe que inúmeros "Pentecostes" que animam as comunidades locais pensam da liturgia, em particular para aqueles com experiência em momentos especiais na vida da comunidade em que o poder de Deus é visto claramente nas mentes infundir alegria e entusiasmo . Pense em reuniões de oração de tantos, onde os jovens sentir claramente o chamado de Deus para suas vidas na raiz do seu amor, mesmo dedicando totalmente a ele

Portanto, não há Igreja sem Pentecostes. E eu acrescento: não há pentecostes sem a Virgem Maria. Assim foi o início, no Cenáculo, onde os discípulos "perseveravam na oração, juntamente com algumas mulheres e Maria, a Mãe de Jesus, e seus irmãos" - como relatado pelos Actos dos Apóstolos ( 1.14). E como sempre, em todo lugar ea qualquer momento. Fui testemunha, mesmo há poucos dias, em Fátima. O que ele viveu, de fato, que imensa multidão, na esplanada do Santuário, onde todos eram um só coração e uma só alma, se não um novo Pentecostes? Em nosso meio não era Maria, a Mãe de Jesus experiência é típica desta santuários marianos - Lourdes, Guadalupe, Pompéia, Loreto - ou ainda menor: onde os cristãos se reúnem em oração com Maria O Senhor dá o seu Espírito.

Queridos amigos, esta festa de Pentecostes, também nós queremos ser espiritualmente unidos à Mãe de Cristo e da Igreja fielmente invocar uma renovada efusão do Paráclito divino. Convidá-lo para toda a Igreja, especialmente neste Ano Sacerdotal para todos os ministros da mensagem evangélica da salvação a ser pregado a todas as nações.

terça-feira, 9 de março de 2010

JESUS DEVE BASTAR NO CAMINHO (ANGELUS PAPA BENTO XVI)




Concluíram ontem, aqui no Palácio Apostólico, os exercícios espirituais que, como de costume, acontecem no começo da Quaresma no Vaticano. Junto aos meus colaboradores da Cúria Romana, passei dias de recolhimento e de intensa oração, refletindo sobre a vocação sacerdotal, em sintonia com o Ano que a Igreja está celebrando. Agradeço a todos os que estiveram perto de nós espiritualmente.

No 2º domingo da Quaresma, a liturgia está dominada pelo episódio da Transfiguração, que, no Evangelho de São Lucas, aparece imediatamente depois do convite do Mestre: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me” (Lc 9, 23). Este evento extraordinário é um impulso no seguimento de Jesus.

Lucas não fala de transfiguração, mas descreve tudo o que aconteceu através de dois elementos: o rosto de Jesus que se transforma e sua vestimenta, que se torna branca e deslumbrante, na presença de Moisés e Elias, símbolos da Lei e dos Profetas.

Os três discípulos que assistem à cena têm sono: é a atitude daquele que, ainda sendo espectador dos prodígios divinos, não compreende. Somente a luta contra o sopor que os assalta permite que Pedro, João e Tiago “vejam” a glória de Jesus. Então o ritmo se acelera: enquanto Moisés e Elias se separam do Mestre, Pedro fala e, enquanto está falando, uma nuvem cobre os discípulos com sua sombra; é uma nuvem que, enquanto os cobre, revela a glória de Deus, como aconteceu com o povo que peregrinava no deserto. Os olhos não podem mais ver, mas os ouvidos podem ouvir a voz que sai da nuvem: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!” (v. 35).

Os discípulos já não estão frente a um rosto transfigurado, nem frente a uma vestimenta branca, nem frente a uma nuvem que revela a presença divina. Diante dos seus olhos, “Jesus encontrou-se sozinho”. (v. 36). Jesus está sozinho diante do Pai, enquanto reza, mas, ao mesmo tempo, “Jesus sozinho” é tudo o que é dado aos discípulos e à Igreja de todos os tempos: isso deve bastar no caminho. Ele é a única voz a ser escutada, o único a ser seguido, Ele que, saindo rumo a Jerusalém, dará a vida e um dia “Ele transformará o nosso pobre corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso” (Flp 3,21).

“Mestre, é bom estarmos aqui” (Lc 9,33): esta é a expressão de êxtase de Pedro, que se parece frequentemente com o nosso desejo frente às consolações do Senhor. Mas a Transfiguração nos recorda que as alegrias semeadas por Deus na vida não são pontos de chegada, mas sim luzes que Ele nos dá na peregrinação terrena, para que somente Jesus seja a nossa Lei e sua Palavra seja o critério que guie a nossa existência.

Neste período quaresmal, convido todos a meditarem sobre o Evangelho de maneira assídua. Desejo, além disso, que neste Ano Sacerdotal, os pastores estejam realmente repletos da Palavra de Deus, que a conheçam de verdade, que a amem até o ponto de que ela realmente dê sua vida e sua forma ao seu pensamento (Homilia da Missa crismal, 9 de abril de 2009). Que Nossa Senhora nos ajude a viver intensamente nossos momentos de encontro com o Senhor, para que possamos segui-lo cada dia com alegria. A Ela dirigimos nosso olhar, invocando-a com a oração do Ângelus.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

PRESIDENTE DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL ALEMÃ PEDE DESCULPAS EM NOME DA IGREJA


Presidente da Conferência Episcopal Alemã pede desculpas em nome da Igreja

FRIBURGO, terça-feira, 23 de fevereiro de 2010 ). – “Peço desculpas em nome da Igreja Católica da Alemanha a todas as vítimas desse crime”, disse Dom Robert Zollitsch, arcebispo de Friburgo e presidente da Conferência Episcopal Alemã, na segunda-feira passada. Dom Zollitsch falou a veículos de comunicação por ocasião da abertura da Assembléia Geral de primavera dos bispos alemães.
Na agenda dos debates estarão, entre outros assuntos, os casos de abuso de menores ocorridos em escolas mantidas pela Companhia de Jesus na Alemanha.

“Sempre que houver uma suspeita, deve ser buscada uma explicação clara e transparente”, declarou o prelado durante a coletiva de imprensa, lembrando que a Conferência Episcopal do país “respondeu imediatamente” ao tomar conhecimento dos fatos.

“Para ser perfeitamente claro, afirmo que o abuso sexual de menores é sempre um crime atroz”. “Peço desculpas a todos aqueles que tenham sido vítimas deste crime”.

“No contexto da Igreja, o abuso é particularmente grave, porque as crianças e adolescentes nutrem uma confiança especial pelo sacerdote”, enfatizou Dom Zollitsch.

Neste sentido, disse que “os jesuítas assumiram suas próprias responsabilidades e souberam tirar suas lições” dos erros de alguns de seus sacerdotes.

O prelado sublinhou que já há oito anos foi estabelecida pelos bispos uma série de diretrizes para prevenir e combater os casos de abuso, e que estas disposições foram concebidas tendo em vista acima de tudo a “preocupação com as vítimas”.

“As diretrizes têm demonstrado sua eficácia”, afirmou, uma vez que possibilitaram às autoridades públicas “agirem os mais rapidamente possível”, tendo acesso “a todo tipo de informação”.

Em todo caso, explicou o prelado, estão previstas para a próxima sessão plenária discussões sobre possíveis revisões ou aperfeiçoamentos destas diretrizes, orientadas principalmente para a prevenção.

Em particular, serão discutidas medidas para avaliar a idoneidade dos futuros sacerdotes relativamente à sua maturidade psicológica e sexual. Tais medidas serão estendidas também aos agentes pastorais e ao corpo docente, e serão divulgadas ao público ao final da Assembléia.

Dom Zollitsch acrescentou que a questão é de “tamanha importância”, que será abordada em sua próxima visita a Roma, prevista para março.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

ABERRAÇÕES LITURGICAS MÁQUINA DISTRIBUIDORA DE HÓSTIAS


Máquina distribui hóstias durante a comunhão
2009-12-06

Por causa da gripe A foi criado um novo artefacto religioso: um 'distribuidor de hóstias'. A Conferência Episcopal autoriza os padres portugueses a comprar.

A ideia surgiu nos Estados Unidos e está a provocar polémica em Itália: os padres podem usar uma máquina para não tocar nas hóstias. A Conferência Episcopal Portuguesa conhece a invenção e deixa a compra ao critério dos padres portugueses.




Invenção entusiasma padres

A utilização de um 'distribuidor de hóstias' durante a comunhão está a lançar a discussão entre os católicos italianos e começa a ter adeptos entre os párocos portugueses.

O objecto, criado e comercializado numa primeira fase por uma empresa americana, está a ter forte procura entre os sacerdotes de todo o mundo por causa da gripe A para evitar eventuais contágios no manuseamento.

O 'distribuidor' é um utensílio, em ouro ou prata, onde são introduzidas diversas hóstias para depois serem distribuídas durante a comunhão. Com o aparelho, o sacerdote deixa de pegar na hóstia com a mão. Em vez disso, pressiona um manipulo que faz sair uma hóstia para a mão ou para a boca de que vai comungar.

"Se a liturgia for bem celebrada, não há qualquer problema de higiene e não há necessidade de recorrer a nenhum objecto para a distribuição da Sagrada Comunhão", disse ao JN, D. Jorge Ortiga, bispo de Braga e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

Contudo, os responsáveis pela Igreja não proíbem nem desaconselham a compra do "distribuidor de hóstias", à venda, com preço sob consulta, em vários catálogos 'on line' de artefactos religiosos. Deixam a decisão ao critério dos padres.

Em Itália, o Cardeal Bagnasco, arcebispo de Génova e presidente da Conferência Episcopal italiana também respondeu 'nim' quando confrontado com as perguntas dos jornalistas.

"O ministério da saúde não deu directivas no sentido de que fosse necessário usar um distribuidor de hóstias durante a comunhão", referiu. E acrescentou que os padres são livres de comprarem o objecto, se assim o decidirem.

"Estou convencido que não há necessidade e que os párocos podem continuar a usar as mãos durante a comunhão mas cada um pode fazer o que quiser", continuou D. Jorge Ortiga. "O aparelho está à venda e se alguém quiser, pode comprar", disse.

No catálogo 'on line' onde é apresentado o 'distribuidor de hóstias', a Purity Solutions, a empresa que apresenta uma maior variedade de modelos, o objecto é apontado como eficaz no combate à propagação da gripe A.

Entre as características, a empresa afirma que, como as mãos não são utilizadas, é também reduzido o contacto entre as pessoas e, logo, a propagação da gripe.

"A Comissão Nacional da Pastoral da Saúde já deu ás comunidades cristãs as orientações necessárias para prevenir a propagação da gripe A", salientou o presidente da CEP.

Entre as recomendações da comissão da Pastoral da Saúde, a principal vai para a necessidade dos "ministros da comunhão, sacerdotes e ministros extraordinários" purificarem as mãos com uma solução anticéptica antes da distribuição da comunhão.

Aos fiéis, é pedido que, "tanto quanto possível, recebam a comunhão na mão e não na boca, aliás, segundo prática secular na Igreja", pode ler-se na carta enviada aos párocos.

TESTEMUNHO DOS SACERDOTER, FONTE DE VOCAÇÕES


Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações



MENSAGEM DO SANTO PADRE
PARA O 47º DIA MUNDIAL
DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

(A SER COMEMORADA EM 25 DE ABRIL DE 2010 - IV DOMINGO DE PÁSCOA)



Tema: O testemunho suscita vocações.



Veneráveis Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
Amados Irmãos e Irmãs!

O 47º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado no IV Domingo de Páscoa – Domingo do «Bom Pastor» –, a 25 de Abril de 2010, oferece-me a oportunidade de propor à vossa reflexão um tema que quadra bem com o Ano Sacerdotal: O testemunho suscita vocações. De facto, a fecundidade da proposta vocacional depende primariamente da acção gratuita de Deus, mas é favorecida também – como o confirma a experiência pastoral – pela qualidade e riqueza do testemunho pessoal e comunitário de todos aqueles que já responderam ao chamamento do Senhor no ministério sacerdotal e na vida consagrada, pois o seu testemunho pode suscitar noutras pessoas o desejo de, por sua vez, corresponder com generosidade ao apelo de Cristo. Assim, este tema apresenta-se intimamente ligado com a vida e a missão dos sacerdotes e dos consagrados. Por isso, desejo convidar todos aqueles que o Senhor chamou para trabalhar na sua vinha a renovarem a sua fidelidade de resposta, sobretudo neste Ano Sacerdotal que proclamei por ocasião dos 150 anos de falecimento de São João Maria Vianney, o Cura d’Ars, modelo sempre actual de presbítero e pároco.

Já no Antigo Testamento os profetas tinham consciência de que eram chamados a testemunhar com a sua vida aquilo que anunciavam, prontos a enfrentar mesmo a incompreensão, a rejeição, a perseguição. A tarefa, que Deus lhes confiara, envolvia-os completamente, como um «fogo ardente» no coração impossível de conter (cf.Jr 20,9), e, por isso, estavam prontos a entregar ao Senhor não só a voz, mas todos os elementos da sua vida. Na plenitude dos tempos, será Jesus, o enviado do Pai (cf. Jo 5,36), que, através da sua missão, testemunha o amor de Deus por todos os homens sem distinção, com especial atenção pelos últimos, os pecadores, os marginalizados, os pobres. Jesus é a suprema Testemunha de Deus e da sua ânsia de que todos se salvem. Na aurora dos novos tempos, João Baptista, com uma vida gasta inteiramente para preparar o caminho a Cristo, testemunha que, se cumprem, no Filho de Maria de Nazaré, as promessas de Deus. Quando O vê chegar ao rio Jordão, onde estava a baptizar, João indica-O aos seus discípulos como «o cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29). O seu testemunho é tão fecundo que dois dos seus discípulos, «ouvindo o que ele tinha dito, seguiram Jesus» (Jo 1,37).

Também a vocação de Pedro, conforme no-la descreve o evangelista João, passa pelo testemunho de seu irmão André; este, após ter encontrado o Mestre e aceite o seu convite para permanecer com Ele, logo sente necessidade de comunicar a Pedro aquilo que descobriu «permanecendo» junto do Senhor: «“Encontrámos o Messias” (que quer dizer Cristo). E levou-o a Jesus» (Jo 1,41-42). O mesmo aconteceu com Natanael – Bartolomeu –, graças ao testemunho doutro discípulo, Filipe, que cheio de alegria lhe comunica a sua grande descoberta: «Acabámos de encontrar Aquele de quem escreveu Moisés na Lei e que os Profetas anunciaram: é Jesus, o filho de José, de Nazaré» (Jo 1,45). A iniciativa livre e gratuita de Deus cruza-se com a responsabilidade humana daqueles que acolhem o seu convite, e interpela-os para se tornarem, com o próprio testemunho, instrumentos do chamamento divino. O mesmo acontece, ainda hoje, na Igreja: Deus serve-se do testemunho de sacerdotes fiéis à sua missão, para suscitar novas vocações sacerdotais e religiosas para o serviço do seu Povo. Por esta razão, desejo destacar três aspectos da vida do presbítero, que considero essenciais para um testemunho sacerdotal eficaz.

Elemento fundamental e comprovado de toda a vocação ao sacerdócio e à vida consagrada é a amizade com Cristo. Jesus vivia em constante união com o Pai, e isto suscitava nos discípulos o desejo de viverem a mesma experiência, aprendendo d’Ele a comunhão e o diálogo incessante com Deus. Se o sacerdote é o «homem de Deus», que pertence a Deus e ajuda a conhecê-Lo e a amá-Lo, não pode deixar de cultivar uma profunda intimidade com Ele e permanecer no seu amor, reservando tempo para a escuta da sua Palavra. A oração é o primeiro testemunho que suscita vocações. Tal como o apóstolo André comunica ao irmão que conheceu o Mestre, assim também quem quiser ser discípulo e testemunha de Cristo deve tê-Lo «visto» pessoalmente, deve tê-Lo conhecido, deve ter aprendido a amá-Lo e a permanecer com Ele.

Outro aspecto da consagração sacerdotal e da vida religiosa é o dom total de si mesmo a Deus. Escreve o apóstolo João: «Nisto conhecemos o amor: Jesus deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos» (1 Jo 3,16). Com estas palavras, os discípulos são convidados a entrar na mesma lógica de Jesus que, ao longo de toda a sua vida, cumpriu a vontade do Pai até à entrega suprema de Si mesmo na cruz. Manifesta-se aqui a misericórdia de Deus em toda a sua plenitude; amor misericordioso que derrotou as trevas do mal, do pecado e da morte. A figura de Jesus que, na Última Ceia, Se levanta da mesa, depõe o manto, pega numa toalha, ata-a à cintura e Se inclina a lavar os pés aos Apóstolos, exprime o sentido de serviço e doação que caracterizou toda a sua vida, por obediência à vontade do Pai (cf. Jo 13,3-15). No seguimento de Jesus, cada pessoa chamada a uma vida de especial consagração deve esforçar-se por testemunhar o dom total de si mesma a Deus. Daqui brota a capacidade para se dar depois àqueles que a Providência lhe confia no ministério pastoral, com dedicação plena, contínua e fiel, e com a alegria de fazer-se companheiro de viagem de muitos irmãos, a fim de que se abram ao encontro com Cristo e a sua Palavra se torne luz para o seu caminho. A história de cada vocação cruza-se quase sempre com o testemunho de um sacerdote que vive jubilosamente a doação de si mesmo aos irmãos por amor do Reino dos Céus. É que a presença e a palavra de um padre são capazes de despertar interrogações e de conduzir mesmo a decisões definitivas (cf. João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, 39).

Um terceiro aspecto que, enfim, não pode deixar de caracterizar o sacerdote e a pessoa consagrada é viver a comunhão. Jesus indicou, como sinal distintivo de quem deseja ser seu discípulo, a profunda comunhão no amor: «É por isto que todos saberão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13,35). De modo particular, o sacerdote deve ser um homem de comunhão, aberto a todos, capaz de fazer caminhar unido todo o rebanho que a bondade do Senhor lhe confiou, ajudando a superar divisões, sanar lacerações, aplanar contrastes e incompreensões, perdoar as ofensas. Em Julho de 2005, no encontro com o Clero de Aosta, afirmei que os jovens, se virem os sacerdotes isolados e tristes, com certeza não se sentirão encorajados a seguir o seu exemplo. Levados a considerar que tal possa ser o futuro de um padre, vêem aumentar a sua hesitação. Torna-se importante, pois, realizar a comunhão de vida, que lhes mostre a beleza de ser sacerdote. Então, o jovem dirá: «Isto pode ser um futuro também para mim, assim pode-se viver» (Insegnamenti, vol. I/2005, 354). O Concílio Vaticano II, referindo-se ao testemunho capaz de suscitar vocações, destaca o exemplo de caridade e de fraterna cooperação que devem oferecer os sacerdotes (cf. Decreto Optatam totius, 2).

Apraz-me recordar o que escreveu o meu venerado predecessor João Paulo II: «A própria vida dos padres, a sua dedicação incondicional ao rebanho de Deus, o seu testemunho de amoroso serviço ao Senhor e à sua Igreja – testemunho assinalado pela opção da cruz acolhida na esperança e na alegria pascal –, a sua concórdia fraterna e o seu zelo pela evangelização do mundo são o primeiro e mais persuasivo factor de fecundidade vocacional» (Pastores dabo vobis, 41). Poder-se-ia afirmar que as vocações sacerdotais nascem do contacto com os sacerdotes, como se fossem uma espécie de património precioso comunicado com a palavra, o exemplo e a existência inteira. Isto aplica-se também à vida consagrada. A própria existência dos religiosos e religiosas fala do amor de Cristo, quando O seguem com plena fidelidade ao Evangelho e assumem com alegria os seus critérios de discernimento e conduta. Tornam-se «sinais de contradição» para o mundo, cuja lógica frequentemente é inspirada pelo materialismo, o egoísmo e o individualismo. A sua fidelidade e a força do seu testemunho, porque se deixam conquistar por Deus renunciando a si mesmos, continuam a suscitar no ânimo de muitos jovens o desejo de, por sua vez, seguirem Cristo para sempre, de modo generoso e total.

Imitar Cristo casto, pobre e obediente e identificar-se com Ele: eis o ideal da vida consagrada, testemunho do primado absoluto de Deus na vida e na história dos homens. Fiel à sua vocação, cada presbítero, cada consagrado e cada consagrada transmite a alegria de servir Cristo, e convida todos os cristãos a responderem à vocação universal à santidade. Assim, para se promoverem as vocações específicas ao ministério sacerdotal e à vida consagrada, para se tornar mais forte e incisivo o anúncio vocacional, é indispensável o exemplo daqueles que já disseram o próprio «sim» a Deus e ao projecto de vida que Ele tem para cada um. O testemunho pessoal, feito de opções existenciais e concretas, há-de encorajar, por sua vez, os jovens a tomarem decisões empenhativas que envolvem o próprio futuro. Para ajudá-los, é necessária aquela arte do encontro e do diálogo capaz de os iluminar e acompanhar sobretudo através do exemplo de vida abraçada como vocação. Assim fez o Santo Cura d’Ars, que, no contacto permanente com os seus paroquianos, «ensinava sobretudo com o testemunho da vida. Pelo seu exemplo, os fiéis aprendiam a rezar» (Carta de Proclamação do Ano Sacerdotal, 16/06/2009).

Que este Dia Mundial possa oferecer, uma vez mais, preciosa ocasião para muitos jovens reflectirem sobre a própria vocação, abrindo-se a ela com simplicidade, confiança e plena disponibilidade. A Virgem Maria, Mãe da Igreja, guarde o mais pequenino gérmen de vocação no coração daqueles que o Senhor chama a segui-Lo mais de perto; faça com que se torne uma árvore frondosa, carregada de frutos para o bem da Igreja e de toda a humanidade. Por esta intenção rezo, enquanto concedo a todos a Bênção Apostólica.



Vaticano, 13 de Novembro de 2009.



BENEDICTUS PP. XVI

CATÓLICOS SOMOS UMA FAMÍLIA

Muitos católicos, infelizmente, acabam abandonando a Igreja Católica, ou vivendo mal a sua fé, porque não conhecem as raízes desta fé e da Igreja. Por causa disto, as seitas vão avançando, fazendo proselitismo, e levando os filhos da única Igreja fundada por Jesus Cristo, para caminhos perigosos, onde não existem os Sacramentos deixados por Jesus para a nossa salvação.

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA





“A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo (Rom 3, 21–22)
Queridos irmãos e irmãs, todos os anos, por ocasião da Quaresma, a Igreja convida-nos a uma revisão sincera da nossa vida á luz dos ensinamentos evangélicos. Este ano desejaria propor-vos algumas reflexões sobre o tema vasto da justiça, partindo da afirmação Paulina: A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo (cfr Rom 3,21 – 22 ).
Justiça: “dare cuique suum”
Detenho-me em primeiro lugar sobre o significado da palavra “justiça” que na linguagem comum implica “dar a cada um o que é seu – dare cuique suum”, segundo a conhecida expressão de Ulpiano, jurista romana do século III. Porém, na realidade, tal definição clássica não precisa em que é que consiste aquele “suo” que se deve assegurar a cada um. Aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei. Para gozar de uma existência em plenitude, precisa de algo mais intimo que lhe pode ser concedido somente gratuitamente: poderíamos dizer que o homem vive daquele amor que só Deus lhe pode comunicar, tendo-o criado á sua imagem e semelhança. São certamente úteis e necessários os bens materiais – no fim de contas o próprio Jesus se preocupou com a cura dos doentes, em matar a fome das multidões que o seguiam e certamente condena a indiferença que também hoje condena centenas de milhões de seres humanos á morte por falta de alimentos, de água e de medicamentos - , mas a justiça distributiva não restitui ao ser humano todo o “suo” que lhe é devido. Como e mais do que o pão ele de fato precisa de Deus. Nora Santo Agostinho: se “ a justiça é a virtude que distribui a cada um o que é seu…não é justiça do homem aquela que subtrai o homem ao verdadeiro Deus” (De civitate Dei, XIX, 21).
De onde vem a injustiça?
O evangelista Marcos refere as seguintes palavras de Jesus, que se inserem no debate de então acerca do que é puro e impuro: “Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. Porque é do interior do coração dos homens, que saem os maus pensamentos” (Mc 7,14-15.20-21). Para além da questão imediata relativo ao alimento, podemos entrever nas reações dos fariseus uma tentação permanente do homem: individuar a origem do mal numa causa exterior. Muitas das ideologias modernas, a bem ver, têm este pressuposto: visto que a injustiça vem “de fora”, para que reine a justiça é suficiente remover as causas externas que impedem a sua atuação: Esta maneira de pensar - admoesta Jesus – é ingênua e míope. A injustiça, fruto do mal, não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal. Reconhece-o com amargura o Salmista: ”Eis que eu nasci na culpa, e a minha mãe concebeu-se no pecado” (Sl. 51,7). Sim, o homem torna-se frágil por um impulso profundo, que o mortifica na capacidade de entrar em comunhão com o outro. Aberto por natureza ao fluxo livre da partilha adverte dentro de si uma força de gravidade estranha que o leva a dobrar-se sobre si mesmo, a afirmar-se acima e contra os outros: é o egoísmo, consequência do pecado original. Adão e Eva, seduzidos pela mentira de Satanás, pegando no fruto misterioso contra a vontade divina, substituíram á lógica de confiar no Amor aquela da suspeita e da competição; á lógica do receber, da espera confiante do Outro, aquela ansiosa do agarrar, do fazer sozinho (cfr Gn 3,1-6) experimentando como resultado uma sensação de inquietação e de incerteza.
Como pode o homem libertar-se deste impulso egoísta e abrir-se ao amor?
Justiça e Sedaqah
No coração da sabedoria de Israel encontramos um laço profundo entre fé em Deus que “levanta do pó o indigente (Sl. 113,7) e justiça em relação ao próximo. A própria palavra com a qual em hebraico se indica a virtude da justiça, sedaqah, exprime-o bem. De fato sedaqah significa, dum lado a aceitação plena da vontade do Deus de Israel; do outro, equidade em relação ao próximo (cfr Ex 29,12-17), de maneira especial ao pobre, ao estrangeiro, ao órfão e á viúva (cfr Dt 10,18-19). Mas os dois significados estão ligados, porque o dar ao pobre, para o israelita nada mais é senão a retribuição que se deve a Deus, que teve piedade da miséria do seu povo. Não é por acaso que o dom das tábuas da Lei a Moisés, no monte Sinai, se verifica depois da passagem do Mar Vermelho. Isto é, a escuta da Lei , pressupõe a fé no Deus que foi o primeiro a ouvir o lamento do seu povo e desceu para o libertar do poder do Egito (cfr Ex s,8). Deus está atento ao grito do pobre e em resposta pede para ser ouvido: pede justiça para o pobre (cfr.Ecli 4,4-5.8-9), o estrangeiro (cfr Ex 22,20), o escravo (cfr Dt 15,12-18). Para entrar na justiça é portanto necessário sair daquela ilusão de auto – suficiência , daquele estado profundo de fecho, que á a própria origem da injustiça. Por outras palavras, é necessário um “êxodo” mais profundo do que aquele que Deus efetuou com Moisés, uma libertação do coração, que a palavra da Lei, sozinha, é impotente a realizar. Existe portanto para o homem esperança de justiça?
Cristo, justiça de Deus
O anuncio cristão responde positivamente á sede de justiça do homem, como afirma o apóstolo Paulo na Carta aos Romanos: “Mas agora, é sem a lei que está manifestada a justiça de Deus… mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os crentes. De fato não há distinção, porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, por meio da redenção que se realiza em Jesus Cristo, que Deus apresentou como vitima de propiciação pelo Seu próprio sangue, mediante a fé” (3,21-25). Qual é, portanto a justiça de Cristo? É antes de mais a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura si mesmo e os outros. O fato de que a “expiação” se verifique no “sangue” de Jesus significa que não são os sacrifícios do homem a libertá-lo do peso das suas culpas, mas o gesto do amor de Deus que se abre até ao extremo, até fazer passar em si “ a maldição” que toca ao homem, para lhe transmitir em troca a “bênção” que toca a Deus (cfr Gal 3,13-14). Mas isto levanta imediatamente uma objeção:
Que justiça existe lá onde o justo morre pelo culpado e o culpado recebe em troca a bênção que toca ao justo? Desta maneira cada um não recebe o contrário do que é “seu”? Na realidade, aqui manifesta-se a justiça divina, profundamente diferente da justiça humana. Deus pagou por nós no seu Filho o preço do resgate, um preço verdadeiramente exorbitante. Perante a justiça da Cruz o homem pode revoltar-se, porque ele põe em evidencia que o homem não é um ser autárquico , mas precisa de um Outro para ser plenamente si mesmo. Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da auto suficiência para descobrir e aceitar a própria indigência – indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade.
Compreende-se então como a fé não é um fato natural, cômodo, obvio: é necessário humildade para aceitar que se precisa que um Outro me liberte do “meu”, para me dar gratuitamente o “seu”. Isto acontece particularmente nos sacramentos da Penitencia e da Eucaristia. Graças á ação de Cristo, nós podemos entrar na justiça “ maior”, que é aquela do amor ( cfr Rom 13,8-10), a justiça de quem se sente em todo o caso sempre mais devedor do que credor, porque recebeu mais do que aquilo que poderia esperar.
Precisamente fortalecido por esta experiência, o cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem e onde a justiça é vivificada pelo amor. Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma culmina no Triduo Pascal, no qual também este ano celebraremos a justiça divina, que é plenitude de caridade, de dom, de salvação. Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autentica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça. Com estes sentimentos, a todos concedo de coração
, a Bênção Apostólica”.